Wednesday, March 21, 2007

COISAS DA LÍNGUA

INADIMPLENTE

O dicionário Aurélio define inadimplente assim: “Diz-se do devedor que inadimple, que não cumpre no termo convencionado as suas obrigações contratuais; descumpridor.” Noutras palavras: o veaco, o drumente, o que não paga mesmo, o que não paga nem promessa a santo. Veja como se conjuga o dito verbo, no presente do indicativo:
Eu /
Tu inadimples
Ele inadimple
Nós inadimplimos
Vós inadimplis
Eles inadimplem
Observem que não se conjuga na primeira pessoa. Não se diz “Eu inadimplo”. É o chamado verbo defectivo, ou seja, tem algum defeito ( no caso aqui ele não se conjuga na primeira pessoa).
Agora, o difícil é se fazer cobrança. Alguns chegam para o devedor e dizem: rapaz, cadê o dinheiro que me deve? Não vai pagar, não? Outros preferem cobrar de uma forma mais branda e outros até na justiça. Mas o modo mais original de cobrança que conheço é de um comerciante upanemense (já falecido). Por conhecer os veacos de longe, ele lutava pra que eles não comprassem no seu comércio. Dizia assim: rapaz, eu gosto tanto de você, nós nos damos tão bem! Eu não vendo pra gente continuar amigos. Se o cara insistia, às vezes ele cedia. Quando os veacos desapareciam de vez e não iam pagar, o dito comerciante, ao avistá-los de longe, simplesmente abria os braços várias vezes. O drumente logo entendia que era uma forma de cobrar o que devia. Aí esses inadimplentes de vocação tratavam logo de passar o mais distante possível do seu estabelecimento comercial.

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