Monday, March 05, 2007

ESTÓRIAS COM AGAR

UM PERFUME

Vou contar outra história semelhante àquela do queijo do homem faminto que atacou o outro fazendo-se de dono do produto. O local da cena é a mesma, o destino da segunda personagem é o mesmo, mas o local do desfecho é outro. Dizem que foi verdade. Então vamos a ela.
Um certo senhor aproximando-se de uma banca de “miudezas” numa feira (uma daquelas na qual vende linha de costura, sabonete, agulha, pente, espelho, chinelo, concha, e frasco de perfume....) , estando liso semelhante aos “pratos da música”, observou um outro que esperava uma hora exata para “passar a mão” num daqueles produtos.
A história poderia tomar outro rumo se esse outro personagem não estivesse ali e nem fosse um bom observador. Aliás, não só espectador, mas carregado de má intenção e mente fértil pra bolar planos num átimo. Os dois pesavam-se numa mesma balança, no que se refere aos propósitos, diriam os antigos.
Bom. Vamos à história. Consumado o pensamento de subtrair o produto, tratou logo de esperar a primeira bobeira do proprietário da banca. Não tardou isso acontecer. Ao perceber que a vítima atendia a um freguês, o ladrão pegou um frasco de perfume que estava ao seu alcance com uma rapidez extraordinária, tratou de colocá-lo rapidamente num de seus bolsos, visto que o produto não era de grande tamanho.
O observador (não se fazia necessário mencionar) saiu precisamente em perseguição do senhor, que já estava livre dos olhos do dono. Este estando despachando os seus fregueses nem notara o desfalque.
A não muitos passos dali, o primeiro homem foi surpreendido pelo falso dono que cochichou com toda força no ouvido:
–Ei, seu ladrão! Me dê o meu perfume, cabra safado! Num tem vergonha de roubar um perfume?! Eu poderia chamar a polícia!
O estado de espírito daquele senhor não pode ser descrito plenamente, pois estava sendo vítima da consciência, isto é, tinha sido pego em flagrante delito e nada poderia argumentar. Não sabia ele que também estava sendo vítima de um espertalhão da sua marca. Mesmo que ele soubesse que o seu perseguidor não era o legítimo dono nada poderia dizer, pois provocaria um escândalo. A sua emoção não teria capacidade de deixar a mente funcionar direito. O melhor negócio foi entregar o perfume(ele estava mais branco que uma vela) e pedir desculpas bem baixinho, para que ninguém soubesse daquela coisa feia que aprendera da mamãe que nunca deveria fazer.
E assim, o outro personagem da história saiu na melhor, levando para casa o objeto que daria para perfumar o corpo, não sua consciência.

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